23 fevereiro, 2013

O que é a camada de ozônio?

Em volta da Terra há uma frágil camada de um gás chamado ozônio (O3), que protege animais, plantas e seres humanos dos raios ultravioleta emitidos pelo Sol. Na superfície terrestre, o ozônio contribui para agravar a poluição do ar das cidades e a chuva ácida. Mas, nas alturas da estratosfera (entre 25 e 30 km acima da superfície), é um filtro a favor da vida. Sem ele, os raios ultravioleta poderiam aniquilar todas as formas de vida no planeta.

 O que está acontecendo com a camada de ozônio?

Há evidências científicas de que substâncias fabricadas pelo homem estão destruindo a camada de ozônio. Em 1977, cientistas britânicos detectaram pela primeira vez a existência de um buraco na camada de ozônio sobre a Antártida. Desde então, têm se acumulado registros de que a camada está se tornando mais fina em várias partes do mundo, especialmente nas regiões próximas do Pólo Sul e, recentemente, do Pólo Norte.
Diversas substâncias químicas acabam destruindo o ozônio quando reagem com ele. Tais substâncias contribuem também para o aquecimento do planeta, conhecido como efeito estufa. A lista negra dos produtos danosos à camada de ozônio inclui os óxidos nítricos e nitrosos expelidos pelos exaustores dos veículos e o CO2 produzido pela queima de combustíveis fósseis, como o carvão e o petróleo. Mas, em termos de efeitos destrutivos sobre a camada de ozônio, nada se compara ao grupo de gases chamado clorofluorcarbonos, os CFCs.
Como os CFCs destroem a camada de ozônio?
Depois de liberados no ar, os CFCs (usados como propelentes em aerossóis, como isolantes em equipamentos de refrigeração e para produzir materiais plásticos) levam cerca de oito anos para chegar à estratosfera onde, atingidos pela radiação ultravioleta, se desintegram e liberam cloro. Por sua vez, o cloro reage com o ozônio que, conseqüentemente, é transformado em oxigênio (O2). O problema é que o oxigênio não é capaz de proteger o planeta dos raios ultravioleta. Uma única molécula de CFC pode destruir 100 mil moléculas de ozônio.
 A quebra dos gases CFCs é danosa ao processo natural de formação do ozônio. Quando um desses gases (CFCl3) se fragmenta, um átomo de cloro é liberado e reage com o ozônio. O resultado é a formação de uma molécula de oxigênio e de uma molécula de monóxido de cloro. Mais tarde, depois de uma série de reações, um outro átomo de cloro será liberado e voltará a novamente desencadear a destruição do ozônio.
Quais os problemas causados pelos raios ultravioleta?
Apesar de a camada de ozônio absorver a maior parte da radiação ultravioleta, uma pequena porção atinge a superfície da Terra. É essa radiação que acaba provocando o câncer de pele, que mata milhares de pessoas por ano em todo o mundo. A radiação ultravioleta afeta também o sistema imunológico, minando a resistência humana a doenças como herpes.
Os seres humanos não são os únicos atingidos pelos raios ultravioleta. Todos as formas de vida, inclusive plantas, podem ser debilitadas. Acredita-se que níveis mais altos da radiação podem diminuir a produção agrícola, o que reduziria a oferta de alimentos. A vida marinha também está seriamente ameaçada, especialmente o plâncton (plantas e animais microscópicos) que vive na superfície do mar. Esses organismos minúsculos estão na base da cadeia alimentar marinha e absorvem mais da metade das emissões de dióxido de carbono (CO2) do planeta.
O que é exatamente o buraco na camada de ozônio?
Uma série de fatores climáticos faz da estratosfera sobre a Antártida uma região especialmente suscetível à destruição do ozônio. Toda primavera, no Hemisfério Sul, aparece um buraco na camada de ozônio sobre o continente. Os cientistas observaram que o buraco vem crescendo e que seus efeitos têm se tornado mais evidentes. Médicos da região têm relatado uma ocorrência anormal de ssoas com alergias e problemas de pele e visão.

O Hemisfério Norte também é atingido: os Estados Unidos, a maior parte da Europa, o norte da China e o Japão já perderam 6% da proteção de ozônio. O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) calcula que cada 1% de perda da camada de ozônio cause 50 mil novos casos de câncer de pele e 100 mil novos casos de cegueira, causados por catarata, em todo o mundo
 

07 fevereiro, 2013

Poluição mata mais de 4 mil pessoas em Teerã em 9 meses


Ao menos nove cidades no Irã estão, há 10 dias, cobertas por uma espessa névoa marrom. E essa nuvem de poluição vem sendo culpada pela morte de centenas de pessoas no país.

Segundo o ministério da Saúde do país, cerca de 4.460 pessoas morreram em decorrência da poluição nos primeiros nove meses do ano passado, apenas na capital Teerã.

No auge da crise, as internações em hospitais aumentaram em pelo menos um terço e os corredores de clínicas estão lotados de pessoas com dificuldade para respirar, especialmente crianças e grávidas em busca de tratamento.

O escritório da BBC em Teerã, localizado em uma área mais elevada da capital, normalmente tem uma vista clara de toda a cidade. Mas nos últimos dias, é possível ver apenas o contorno dos prédios mais altos e uma visão turva da torre de comunicação Milad.

Caminhar pelas ruas de Teerã é impossível sem usar uma máscara cirúrgica cobrindo o nariz e a boca. Mas os olhos lacrimejam e a garganta arde por causa de uma mistura de poluentes, formada por partículas contendo chumbo, benzeno e dióxido de enxofre.

Doenças respiratórias e câncer

Abarrotada de carros e cercada de fábricas e usinas, Teerã é conhecida por sua poluição, particularmente nos invernos secos, sem muito vento, como o atual. Mas a qualidade do ar vem piorando recentemente e está pior do que nunca.

Segundo estudos, Teerã tem menos de 100 dias saudáveis por ano. Segundo o ministério da Saúde, houve um aumento na incidência de doenças respiratórias e ligadas ao coração, assim como diversos tipos de câncer, relacionados à poluição.

Por ano, os 5,5 milhões de veículos na cidade despejam cerca de cinco milhões de toneladas de gás carbônico e outros gases na atmosfera.

 Governo impôs severas leis para restringir o trânsito na capital iraniana

Alguns especialistas acreditam que o combustível produzido no país é de baixa qualidade e isso teria agravado a poluição. O governo nega.

Órgãos públicos, escolas e bancos reabriram neste domingo, após o governo ter decretado o fechamento dessas instituições por cinco dias, para reduzir a poluição crônica.

Rodízio

Enquanto isso, o governo impôs severas leis para restringir o trânsito em Teerã. O rodízio que vigora atualmente tira cerca de metade dos veículos das ruas todos os dias. Mas essas são medidas de curto prazo e não têm um impacto real a longo prazo.

Sem uma estratégia governamental efetiva para coibir a poluição, a população precisa esperar pela chuva e pelos ventos para levar a névoa embora.

No hospital Farmaniyeh, no nordeste da cidade, as crianças tossem na sala de espera.

“Ouça sua mãe, tente não sair de casa e beba água e leite o máximo que puder”, diz o dr. Bahrami para um garoto de 10 anos que tosse ao respirar.

“Você pode misturar água quente e mel e dar para ele beber”, diz o médico à mãe do garoto.

Com a população de 14 milhões de pessoas, Teerã precisa de um plano estratégico para lidar com a poluição. Mas quando os ventos retornarem e a poluição for reduzida, o problema será rapidamente esquecido – até a névoa marrom voltar a tomar a cidade.

Brasil

Enquanto na capital do Irã, uma média de 495 pessoas morrem por mês, em São Paulo esse número é de cerca de 300 mortes

Fonte.  Mohsen Asgari  Da BBC News em Teerã

Trepadeiras nas fachadas 'podem diminuir poluição



O uso de plantas nas paredes externas de prédios em uma mesma rua, criando "corredores verdes", poderia funcionar como um filtro para a poluição nas grandes cidades, diminuindo em até 30% a quantidade poluentes no ar de grandes metrópoles, segundo um estudo britânico.

Pesquisas anteriores já previam que o aumento de áreas verdes em cidades poderia reduzir em 5% a quantidade de poluentes, mas o novo estudo conduzido por cientistas das universidades de Birmingham e Lancaster mostra que os "corredores verdes" têm um potencial mais efetivo.

Publicados no periódico Tecnologia e Ciência do Ambiente, os resultados do trabalho mostram que tais medidas poderiam ser mais eficientes do que iniciativas tradicionais.

"Até agora todas as iniciativas para tentar reduzir a poluição têm sido feitas 'de cima para baixo', como livrar-se de carros velhos, acrescentar catalisadores e até introduzir taxas de congestionamento – e elas não têm mostrado o efeito desejado. O benefício dos 'corredores verdes' é que eles limpam o ar que entra e fica no espaço entre os prédios", diz Rob MacKenzie, um dos autores da pesquisa.

Os 'corredores' nada mais são do que placas cobertas com plantas 'trepadeiras', que crescem acopladas a uma estrutura, colocadas sobre as paredes exteriores de construções nas cidades.

"Plantar mais ('corredores verdes') de uma forma estratégica poderia ser uma maneira relativamente fácil de controlar nossos problemas locais de poluição", acrescenta o cientista.

Vantagens e desafios

Especialistas sugerem que a criação deste tipo de "corredor verde" também tem vantagens práticas, além do previsto benefício ambiental.

Similares como as chamadas "paredes verdes", que funcionam como jardins verticais, geralmente compostas por diferentes tipos de plantas e muitas vezes criados por paisagistas, necessitam de sistemas de irrigação específicos, além de fertilizantes e cuidados mais intensos.

Já os "corredores" consistem em uma parede inteira coberta por um tipo único de planta trepadeira, mais resistente.

Mesmo assim há desafios.

Tom Pugh, outro autor do estudo, lista algumas das dificuldades a serem enfrentadas. "Precisamos tomar cuidado quanto às plantas: como e onde plantaremos tais tipos de vegetação, (além de garantir que) não sejam afetadas por seca, não sejam atingidas por calor excessivo e que não sofram ações de vândalos", diz.

Anne Jaluzot, de um grupo comunitário sobre plantio de árvores em áreas urbanas, diz que a estratégia tradicional, de plantar muitas árvores pequenas, não ajuda em nada para a biodiversidade, e o controle de enchentes e da poluição.

Ela diz que seria preferível se concentrar em regiões menores e nelas plantar árvores muito grandes, mesmo que em número menor. Ela também critica os "jardins verticais", mais elaborados, como uma "perda de dinheiro".

"Esses jardins verticais em geral são bonitos, mas são insustentáveis devido ao alto custo de manutenção e a necessidade de adubos. Simplesmente cobrir uma parede com plantas trepadeiras seria em geral uma solução muito melhor para prefeituras e organismos do setor".

fonte: Mark Kinver  Correspondente de ambiente da BBC News